quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Refresco é pimenta em nossos olhos

Tenho duas amigas de infância com quem sempre converso e inevitavelmente lembramos de ~onde viemos~ e o contexto em que vivíamos. Hoje, cada uma seguiu um caminho. Não muito estabelecido...Vem sendo construído. E quando a gente se junta, nos transportamos para um ambiente extremamente honesto, que não encontro em qualquer outro lugar. Mas sempre me pego tentando recriar esse espaço em que a gente pode ser completamente franco. Super me frustro, né?

Nós, eu e minhas amigas, desde cedo soubemos o que era ter problemas; nós crescemos no meio de problemas e limitações, não dos mais graves, e não dos mais suaves. Vivíamos sempre pulando obstáculos ainda que nenhum catastrófico, graças a Deus. Sempre víamos nossa família, em especial nossas mães, sozinhas e quietas, lidando com uma rotina tão difícil, com uma história tão pesada.

Isso fez com que a gente se acostumasse com altos e baixos: não é o fim do mundo quando precisamos lidar com desafios e não deixar que ninguém perceba que não está tudo a mil maravilhas em nossa vida. E não é necessário uma performance. Acho que é onde melhor empregamos nossa maturidade; sabemos que problemas existem e tivemos que aprender a tocar a vida em meio a eles da melhor maneira possível.

O desafio comum que enfrentamos hoje em dia, depois que crescemos e começamos a tocar nossa vida - ainda que cambaleando - é lidar com pessoas que não fazem a menor ideia do que é ter problemas de verdade.

Eu me pego, no meu dia a dia, vendo pessoas terem uma verdadeira dor de cabeça ou se fecharem numa cara de bosta de dar inveja ao Levy Fidelix, simplesmente porque a empregada pediu as contas, porque tá sem namorado há x meses, porque o carro deu problema, porque não conseguiram ser o centro das atenções full time, porque o mundo não se adaptou as suas vontades e vaidades.

O que eu gostaria que alguns soubessem é que essas coisas não são problemas. Eu gostaria que esses alguns entendessem que são muto privilegiados e deveriam agradecer, quem sabe com um pouco mais de estabilidade.

Lido com pessoas que têm tudo o que minha família e amigos sempre sonharam ter, mas estão sempre insatisfeitos. O que me dá muita pena! Poxa, não precisa quicar de felicidade, afinal cada um tem uma maneira de sentir as coisas, mas pelo menos fica de boa. Tão aí bem, conquistando as coisas e tal.  Isso tudo é muito valioso!

Sempre lembro de uma amiga me contando que quando ela estava perdendo a mãe com um câncer e sem a menor condição de cuidar ou dar um pouco de dignidade para essa mãe, as pessoas do convívio ainda assim vinham chorar pequenezas pra ela. E ela escutava pensando em sua própria situação e tentando evitar comparar a gravidade das situações.

Eu acho que tenho muito a agradecer, mas não percebo. Eu reclamo e brigo pelas coisas, e isso pode ser sim chato às vezes, mas não penso que tenho problemas. Penso que tenho muitos desafios e um histórico. Eu tenho história que prefiro compartilhar com quem tem história.

Eu gostaria de conviver bem com as pessoas rasas e cronicamente insatisfeitas, mas tem dia que a cara de paisagem tão amiga e conhecida não sustenta tanto vitimismo sem razão.

Vocês estão bem. Fiquem bem. Aprendam a ser resilientes.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

Pausei para curtir o meu ~jeitinho~

hoje, eu, num momento off-robotic de gente de verdade que fica saturada, fiz uma pausa para tomar um café, respirar mais fundo e pensar na vida. Não cheguei a nenhuma conclusão ou solução para os meus dilemas, mas durante essa pausa apareceu uma outra pessoa...Dessas de verdade, sabem? Cheias de defeitos? Maravilhosamente honestas? Pois então! E então compartilhamos nosso cansaço - porque eu penso que gente que sente se desgasta, acho que gente que observa tem opinião e gente que quer melhoras, se indigna.

Essa pessoa só me alertou de duas coisas básicas e clássicas: "a vida (@Deus) sabe o que faz" e "existe vida lá fora". São alertas tão simples, tão básicos e tão esquecidos. Esqueci que na verdade tudo tem um jeito quando a gente não se enfia cheia de vontades engessadas no meio do rolê. E que existe sim vida lá fora, urgindo, independente de nos vermos presos e menosprezados pelo mundo que habitamos.

Mas são pequenas pausas, momentos curtos e nada solenes que ocorrem em que se a gente se sente amparado e absolvido do peso de toda essa intensidade. Pausas para permitir, por um pequeno tempo, sentir que tem o direito de não se culpar por se revoltar, se chocar e expor o que se passa interiormente. Afinal, nem só de emulação e controle é feita a vida.

Lembro que minha primeira chefe sempre me alertava para o perigo da honestidade dos sentimentos e que por mais que ela admirasse essa característica, me alertou para ter cuidado, porque as pessoas não estão acostumadas a aceitar a franqueza se elas não obrigadas e que a bajulação, por outro lado, não é algo que precisa ser digerido e consequentemente encurta o 'trabalho' que alguém poderia ter em compreender as motivações de alguém. Eu sei que ela tem razão.

Eu muitas vezes pareço uma eterna estrangeira. Para mim é muito natural falar sobre o que sinto, da maneira como sinto. Pra mim também é muito mais natural dar atenção a quem confio, é próximo, é amigo. Eu acho que tenho de tratar com educação e entusiamo quem me respeita, e não apenas os seres superiores, os poderosos, os mais altos na cadeia hierárquica. Eu penso que se você bajula, você menospreza a inteligência de alguém. Eu acho que só conquisto com o que tenho para oferecer de verdade. Não com uma ilusão, que, né?... sempre se desfaz e tal.

Que bom encontrar pessoas cheias de defeitos expostos. Que bom que elas existem!



domingo, 16 de junho de 2013

Beleza artificial para mulheres de mentira




Eu sou magra. Magrela. Todos que me conhecem sabem bem disso. Mas certamente me preocupo menos com essa questão do que muitas mulheres que conheço. Sim! Mulheres se preocupam com o peso que têm, o manequim que vestem, as roupas que estão usando, o comprimento de seus cabelos e, pasmem: com o seu também - exceto aquelas que têm coisas melhores para pensar, é claro.

Tudo o que você é diz respeito a outras mulheres também, não se esqueça! Aí também reside aquela competitividade marota que rola entre o gênero. E por vezes acabo me cansando de ficar rodando entre as mesmas preocupações que fazem coro a respeito. Em contrapartida sei que existem muitas mulheres admiráveis, fortes, verdadeiramente belas e ousadas não apenas na hora de se vestir. E aí sim a companhia e troca valem a pena.

Mas relacionando as mulheres e o meu ~porte físico~, posso identificar que em meio ao grupo, o fato de eu não estar de dieta ou não possuir gorduras extras, torna-se um eterno tema de provocação. Para as mulheres eu sou a Cinthia, aquela que é magra (Igual a raiz das palavras: Regina, do grego Rainha).O fato de eu ser uma ótima pessoa para se trocar uma ideia não é tão importante quanto a minha silhueta.

Eu não sou doente, apenas não estou de dieta. Se fosse gorda talvez estivesse, mas provavelmente não ficaria falando disso o tempo todo; as calorias, a celulite, o corpo, ai as gorduras, ai não visto isso, etc. Eu sofreria - ou não - em silêncio.

Eu cometo o pecado de gostar do meu corpo e aguentar as maledicências diárias: "Maldita, é magra!"," A Cinthia, essa filhadaputa que pode comer essas coisas, é magra!", e por aí vai.

Por vezes eu me divirto... As pessoas são tão contraditórias, muitas mulheres especialmente. Elas querem levantar a bandeira da beleza natural DOVE, a mulher de verdade, mas ao mesmo são essas mesmas mulheres que não aceitam quem são. São elas que vivem atrás de reformas sem fim, dietas mirabolantes e consumismo desenfreado pra ser quem não são naturalmente. E por isso são cansativas! Não sabem bater no peito e falar: sou isso aqui que você tá vendo e gosto de quem sou. Grande parte delas é uma mera projeção do que gostariam de ser. Geralmente alguém ao lado.

Lembro que dia desses eu esbarrei numa revista feminina que uma mulher interessante que conheço carregava. Essa revista tem a proposta de ser diferente desses manuais de como ser suficientemente boa para que alguém queira te comer, enfim, com tópicos para mulheres diferentes, cool, inteligentes e que não leem revistas femininas tradicionais. Daí a capa trazia uma nova cantora do mercado nacional que não carrega aquela beleza ditada e a chamada da capa era, acredito eu, uma declaração daquela mulher afirmando: " Eu não visto 38 e blá,blá, blá..." Porra! Se a revista quer fugir de estereótipo de banal e se a mulher é de fato uma revelação interessante ninguém pensou em abordar algo outro que fugisse do óbvio, neste caso o manequim da mulher? Se ela não tem uma 'beleza padrão' - por mais incoerente que seja achar beleza em padronização - porque ela tem de se justificar por não ter um corpo x? não vestir manequim y?

Eu, com o rótulo "The" magra, sempre acreditei que meu corpo era bacana e mantive confiança nisso independente das opiniões contrárias. Se eu fosse escutar o que me diziam  -e dizem - eu teria malhado pra caralho e me enchido de suplementos pra ficar gostosona como várias amigas minhas fizeram. Mas não quero! Meu corpo combina comigo, gosto dele, e gostam dele. Estamos em paz apesar dos ataques.

Você sempre vai encontrar o seu público se não se rejeitar. E se não estiver feliz com quem for no momento, ou como aparentar, sou a favor da mudança, do esforço, da dieta que seja: mude, fique triste, mas não faça disso o seu óculos, o centro do seu foco e assunto. É interessante também ver que não precisamos ser sempre bonecas de cera e que isso não te anula. Experimente alguma vez cortar o cabelo curtinho, usar um tênis, e ver que continua recebendo cantadas na rua.

Ah, e me permitam: me errem! Deixem de secar mais o meu corpo e de preferência arranjem assuntos melhores.Que tal mudar o foco?

A pior pregação é aquela que nem a gente mesmo acredita, não é mesmo?

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

E eu o declaro:Inocente!




Um risco de sempre lutar por algo é que ao avaliar nossos esforços, especialmente se eles nos custaram algo, entramos numa síndrome de fazer justiça a nós mesmos a qualquer custo. Às vezes fazemos justiça inadmitindo comportamentos e condutas vindos de outras pessoas, o que pode ser também uma fragilidade.

Eu acabo usando a balança da justiça muitas vezes na minha vida. Meu pai  inclusive queria que eu fosse juíza...Deveria ter seguido esse caminho. Quem sabe usaria o apurado senso crítico para punir ou absolver casos e pessoas que não me dizem respeito e, logo, não seriam afetadas por um julgamento parcial afetado por alguns sentimentos feridos.

Mas o justo e o injusto acabaram por fazer parte de minha história. A consequência de cada sentença também. Injustiças me chocam muito e penso que a existência delas em um passado recente serviu para que eu tivesse responsabilidade e cuidado ao fazer julgamentos.

Ultimamente ando tentando usar esse cuidado para colocar na balança quem são os amigos de verdade, sem ser radical. Eles existem? São fiéis? Devem permanecer? É difícil escolher uma sentença para alguém que carregou uma parte de sua história.

O que mais me fadou ao distanciamento de pessoas queridas é aquele velho e conhecido vilão do casamento: você foi e ele ficou. Você descobriu novas músicas, novos lugares, novos sonhos e eles pararam nas lembranças antigas que são o único fio que mantém vocês ligados. E por vezes a gente abusa da cara de paisagem para conseguir levar adiante uma conversa sem pensar: " Porra, passaram anos e eles não saíram do mesmo lugar!".

Outro ponto preocupante são aquelas amizades que só podem partilhar miséria. Ou você ou ela(e) tem de estar devastados e frustrados para que haja uma conexão. Daí de repente você (ou eles) encontra uma cura e a amizade, ou reconhecimento no caso, não encontra mais base para se apoiar.

Mas o que mais pega na hora de manter a classificação de amigo (ao invés de simples colega) é não encontrar mais correspondência de admiração. Existe sentimento, saudades, continuam a te fazer rir, mas aqueles velhos hábitos e a confirmação de uma suposição acabam sendo muito simbólicos dependendo da fase de vida em que você se encontra.

Você avalia e critica silenciosamente todas as contradições que são esfregadas em sua cara. Interesses escusos identificados quando você sente que um encontro qualquer é motivado por algum benefício em que a outra parte tem de lucrar; abusos, já que a amizade pode ser usada para te poupar esforços ou gastos - aquela amizade que nasceu motivada por uma carona diária e sempre irá exigir um cachê, quem não conhece?-; falta de noção ou incapacidade de se colocar no lugar do outro; vontade de ser o outro; amizades motivadas apenas pela possibilidade de uma troca romântica que exposta a uma rejeição pode virar inimizade; e por vezes, até a inveja também povoam as amizades ... ou a ilusão delas.

Outras vezes nossa própria motivação é egoísta e não percebemos que ficamos sempre no raso já que as duas partes não querem ceder e se doar para pessoas que não estão ao lado delas de verdade.

Qual é a solução justa? Enterrar de vez o que parece ser mentiroso ou dar chances para mais uma rehab, em que a cura é aceitar que existem coisas nocivas mas que podemos e devemos nunca olhar pra isso?

Talvez o melhor seja mesmo não ver demais.


domingo, 25 de novembro de 2012

Em terra de gente doente, terapia é mingau!




Este ano já está no final, ainda bem! Não que eu seja uma crédula passiva dos milagres desencadeados pela anual volta da Terra ao redor do Sol mas como um bom ser humano que se preze eu também preciso criar ciclos pra vida. Acabou o ano, momento de rever o que fiz até então e me sentir aquela inútil.

Eu sei exatamente o que fiz esse ano; me dediquei em silêncio. É estranho... eu comecei este ano com uma espécie de culpa e com uma consciência muito grande sobre minhas limitações e especialmente os riscos em que minhas crenças/preferências/temperamento me colocam. As experiências do ano anterior foram um tanto ousadas mas me sacrificaram um pouco. Aí eu achei que deveria ficar quieta, bem quietinha  para que não me vissem, não me notassem, não me apontassem. Eu só queria fazer a minha parte, e fiz; de maneira bem feita como sempre, sem exaltar minha participação como sempre.

Mas como uma pessoa estratégica eu me esforço a fim de obter resultados, que por algum acaso não apareceram - ao menos nitidamente -, e eu neste momento me sinto desgastada feito uma prostituta que foi usada a noite inteira. Não sei, parece que houve um assalto diário ao longo desses já quase 365 dias deste ano e que durante todos eles eu cheguei em casa meio assustada e sem saber o que é prioridade na vida já que no instante seguinte pode vir alguém e levar tudo embora.

É assim às vezes: você acorda e faz o que tem de ser feito mas nem sempre é o bastante. Às vezes você também tem de ser invisível, às vezes tem de se fazer de idiota, às vezes tem de aparecer mais mas sem parecer muito confiante, enfim, é uma arte. Ser corajoso, por exemplo, é uma fraqueza dependendo de onde estiver. Os outros podem ter tudo, podem ser perfeitos inclusive, mas diante de uma pessoa corajosa eles tremem, se sentem expostos e pronto: fodeu.

É claro que eu também tenho as minhas misérias mas não costumo despejá-las nas pessoas. Me canso com muita facilidade porque as pessoas normalmente teimam em usar sua parte doente para tentar conseguir o que querem. Me canso por ter de levantar da minha cama e entrar num recinto cheio de pessoas doentes, cheias de ego, cheias de medo, cheias de ilusão de superioridade, cheias de carências, cheias de grifes e labels e com uma ausência preocupante de simplicidade. Triste.

Há também muitos psicopatas nos meios em que convivemos: pessoas que têm distúrbios graves mas que graças a Deus não encontraram uma arma letal dando sopa por aí, e seguem destruindo ainda assim com suas "armas brancas". Esse ano tive minha experiência com um perfil deste.

Eu tenho um monte de medo e carências também, mas caralho! Sei me recompor e ser justa apesar de tudo. Sei ser leal, dar espaço àqueles que merecem, valorizar quem tem valor, agradecer quem me ajudou. Meu medo não sai à frente querendo atingir as pessoas feito pombas no telhado.

Ainda que eu tenha bons motivos pra acumular carências, decidi não usar a minha "história triste" pra conseguir o que quer que fosse. Apesar de ter tido que apanhar um bocado para conseguir coisas que a maioria das pessoas com quem convivo ganharam de bandeja, eu não acredito que seja necessário usar de piedade ou dissimulação para conquistar o que quer que seja, ou quem quer que seja. Pois afinal de contas não quero conquistas que durem até que me desmascarem.

Pra falar a verdade, me sinto muito saudável quando estou aí no mundo andando contra a corrente daqueles que acham que brilhar é ofuscar.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Eu não vou pedir desculpas... Mas busco um personal apologizer para aliviar minha pena




Afinal, a gente é o que a vida fez da gente?

Em alguma parte isso é um fato. Somos produto do meio ambiente + o quê? Porque afinal de contas há pessoas que saíram de um mesmo ambiente, tiveram experiências parecidas, mas têm motivações completamente distintas. Então o que pesa mais? As experiências ou algo particular, nato, interno?

Também não posso deixar de sentir o peso do ambiente e das experiências em meu comportamento. Abrindo meu livro, posso sentir na responsabilidade e reserva que trago como características, a influência de alguns fatos passados.

Já relatei diversas vezes que sou uma pessoa que incomoda. Não digo isso pra soar "Falam de mim porquê têm inveja de mim, mimimi, sou foda", essas bobagens, mas sim porque é difícil provar que você tá certa quando tem um histórico de embates, mas não fez absolutamente nada pra que isso se desenvolvesse. Ocorre num simples movimento, quando me torno destaque de alguma situação - seja promoção no emprego, algum convite de alguém de destaque, alguém apaixonado por mim, etc.

Tem um episódio, digamos assim, engraçado, quando eu estava no colégio e fui ameaçada de morte pois eu andava com um grupo e pessoas que riam muito (Oi?). Eles ligaram pra minha mãe e disseram que eu me vestia toda bonitinha e ficava o dia inteiro rindo alto e que eu devia sair do colégio se quisesse preservar minha integridade física (não com essas palavras, claro). Ou seja: pena de morte pra esse povo que ri por aí, né? Fiquei apavorada! Fiz um retrato imaginado de um cara que vivia atrás de mim e me arrependi de um dia ter ligado pra casa de uma menina mala da escola e dizer que ia arrasar com ela (no dia seguinte tava toda a família da menina na porta do colégio).

Daí, um ano depois fui expulsa do colégio porque uma professora se incomodava comigo, se incomodava com minha ausência inclusive, já que eu faltava bastante. Quase sempre.

A única vez em que fui dispensada de um emprego me deixaram muito claro que eu não só era muito competente mas me destacava profissionalmente entre os demais, mas não podia mais ficar ali pois eu incomodava uma gerente. Essa gerente inclusive é uma pessoa que parecia ter uma vontade de fazer parte da minha vida, ser minha amiga, se identificar comigo: "Nossa, você também desenha? Que coincidência, eu também! Dançava? Eu também!!!". Mas ao passo que não me tornei sua BFF por manter minhas convicções profissionais (leia-se não ter medo de desagradar subordinados ao tomar decisões) ela se tornou uma inimiga.

Eu tenho diversas histórias para contar sobre isso. Assim, diversas! Algumas mais engraçadas outras nem tanto. Na faculdade, nos relacionamentos, em casa, etc.

E aí fui notando que se eu não tomar cuidado posso desafiar alguém ou colocá-lo em prova sem que eu tenha qualquer noção a respeito.  O oposto disso é que pessoas fortes e bem resolvidas naturalmente se tornam aliadas, parceiras e rola uma admiração mútua. Não sei se gosto muito da companhia desses sentimentos antagônicos sobre mim.

Mas tenho tenho percebido que isso vai diminuindo ao passo que paro de me revoltar com a situação.Eu me revoltava muito com a injustiça que isso carrega. A insegurança de uma pessoa qualquer acabava se tornando um problema meu. Que caralho!

É como se eu personificasse uma religião, um pai, ou alguém que devesse acolher fracos e oprimidos para não ser apedrejada por eles. O oposto disso é que pessoas fortes e bem resolvidas naturalmente se tornam aliadas, parceiras e rola uma admiração mútua.

Acho que pode ter a ver com meu posicionamento. Se você decide se respeitar e exigir respeito, em algum momento você se torna notável. Quando você se torna notável, por outro lado, fica muito mais vulnerável, afinal todos têm um ponto fraco. Eu tenho vários! Aí os miseráveis começam a explorar isso. E a voz do povo, por vezes é a voz de Deus (só que não: vide políticos).
Eu me respeito muito e exijo muito respeito porque pouquíssimas pessoas sabem a minha história e quanto cada pequeno passo adiante me custou.

Mas voltando ao ponto inicial, isso tudo obviamente contribuiu para que eu fosse (sou ainda) uma pessoa muito desconfiada e que não gosta de atenção. Eu não brigo por destaque em situação alguma porque sei que se eu quiser atrair atenção pra mim eu não somente consigo como ela vem bruta e desenfreada. Eu tenho medo.

Eu me abro quando consigo confiar nas pessoas, eu saio com alguém apenas quando esse alguém apresenta traços de caráter confiáveis pois senão me sinto num filme de trapaças. Eu tenho trejeitos repelentes, feito gatos que desviam de toques, porque sou um bicho desconfiado.

Mas quando eu confio, a cumplicidade que surge é a melhor das curas.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Baile de máscaras

Não compreendia exatamente o peso daquela afirmação que escutei muito na minha infância de que não era fácil ser honesto. Se não é fácil ser honesto com a gente mesmo, imaginem ter como hábito ser franco diante da vida.

Acho que dançar talvez seja o exercício mais necessário do mundo. Eu tô aprendendo a dançar com as pessoas. Mas ainda engatinho.


Até o ano passado eu não me sentava na mesma mesa junto a alguém de quem eu não gostasse. Mas quando te tiram as opções, te tiram as possibilidades, a gente muda. Hoje eu sento à mesa e converso amenidades com inimigos. Vejam só! Até selvagens aprendem a dançar. 



Danço pra fingir que não sou tudo o que sei que sou pra não ofender as carências alheias. Não vá cometer o pecado de ser inteligente, atraente e forte, tudo ao mesmo tempo. Você escolhe qual qualidade cabe a cada ambiente. Claro que vivo errando o passo da dança. 


Mas quando posso relaxar, volto aos embates com gosto ao deixar bem claro quem sou, o que gosto e o que não gosto. 

Eu sou jovem, autosuficiente, mas eu não gosto de sexo casual, não gosto de balada, honestamente. Detesto frescura, especialmente a dos outros. E não venha me impor o que você acredita que é viver só porque seu círculo social definiu. Eu sempre escolhi o que gosto e caguei pra círculo social. 

Você vai ter de aprender a dançar porque as pessoas são cheias de misérias. E teimam em sair atirando dardos nos outros feito crianças contrariadas. Eu tô aí no mundo também, rezando pra não encontrar mais fêmeas seeking for atenção hollywoodiana e homens assustados e temerosos perto de alguém que sabe o que não quer. 


Deve ser pra isso que existe amor (existe, né?): você encontra alguém que finalmente não pede que você seja adaptável as suas carências. Você não precisa ser menos ou mais do que é, só precisa ser você mesmo. Se te ama, quer os seus 100% louváveis ou constrangedores.


É igual chegar em casa e tirar a roupa.Ninguém quer se deitar de jeans.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Talk Show 2.0

Cada vez que rola um acontecimento público nós somos bombardeados pelo excesso de opinião a respeito vindo das redes sociais das quais fazemos parte, certo? Reflexo de um tempo novo e de mídias democráticas. Legal! Que bom que temos espaço para falar, pra divulgar, pra protestar, etc. Contudo, que pena que fica tão evidente a falta de bom senso da metade das pessoas que conhecemos.

Esses novos espaços criaram (ou despertaram) nas pessoas uma síndrome de Boris Casoy, em que os fatos só são validados depois que passarem pelo julgamento dos críticos ociosos. Eles sentem uma necessidade visceral de comentar, de dar sua ilustre opinião, sobre tudo, absolutamente tudo, o que circunda o mundo. E aí fica evidente o quanto uma pessoa sem conhecimento de caso deveria mesmo é ficar quieta, comendo Cheetos, tomando Coca Zero e jogando FarmVille - em silêncio.

Não sei bem se é a vontade de ser importante, de se sentir relevante de nunca se permitir passar despercebido é que faz a gente presenciar tantos porta-vozes da atualidade. É a chuva dos RIP-gente-que-nunca-fez-parte-da-minha-vida-mas-eu-vou-comentar-minha-posição-sobre-sua-morte-vida-e-obra-mesmo-assim.

E é por essas e outras que, quando eu identifico uma pessoa que se permite ficar na dela, que dá sua opinião sobre assuntos que, de fato, entram em seu campo de interesse ou conhecimento e que, principalmente, consegue ficar em silêncio em momentos que sua opinião não faria a mínima diferença no decorrer dos fatos, eu a considero não apenas uma pessoa sóbria como selvagemente sexy. Adoro gente que sabe qual o seu lugar!

E reforço que essa é fragilidade das redes sociais; ela dá espaço pra que tenhamos acesso aos pensamentos altos de muita gente sem noção. Coisas que normalmente seriam ditas durante a exibição do Jornal Nacional perante no máximo três membros da família, agora têm espaço de divulgação ampla.
Obviamente não acho que esse espaço deveria ser extinto. Penso que é válido e necessário podermos extravasar! Talvez essa super exposição evidencie mesmo o que a galera se tornou, além de demonstrar o desconforto que as pessoas têm com o silêncio.

Ou não. Perhaps a vida é isso aí; Big Brother 2.0.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Há honestidade na feiura

Sabem que acho mais difícil para uma mulher atraente acreditar e vivenciar relacões verdadeiramente afetivas. Lembro que uma vez uma amiga (polêmica) disse, enquanto estávamos no colégio ainda, que relacionamentos duradouros era coisa pra 'gente feia'.
Bom, não concordo absolutamente, mas em algum grau isso é real. Beleza distrai, magnetismo sexual confunde e dentro desse contexto, uma mulher com esses atributos vai distrair muita gente, hipnotizar diversas, e o que vai receber é atenção... Atenção nada tem a ver com afeto.

É também muito difícil crer em ~amor~ quando alguns fatos passam pela vivência de uma mulher atraente - e que tem capacidade para relacionar fatos.

Você tem amigas que têm um namoro aparentemente admirável, com declarações e o caralho, mas numa festa, quando você se afasta para o bar, o namorado atencioso dela vai atrás de você para testar sua fidelidade, já que a dele é duvidosa. Tios respeitáveis insistem em te elogiar e abraçar efusivamente quando cumprimentam. Você recebe promessas de homens bem casados, com filhos pequenos, que se desdobram em declarações para você e possivelmente para a parceira oficial quando ele retorna pra casa.

Isso pode ser apenas a falta de honestidade de alguns homens em particular, não do gênero como um todo, claro, mas ainda assim são atitudes que confundem e perturbam muito. É muito difícil não relacionar essa falta de respeito aos relacionamentos de uma maneira geral e por mais que em alguns momentos você se iluda, achando que é a fodona, em algum momento você se coloca no lugar da mulher humilhada, e aplica um insulfilme preto fosco na ótima amorosa, negando um possível retrato do que pode ser o seu futuro.

O que funciona muito bem nesses casos é ser burra. Se você for bela e burra, atraente mas dispersa, você cria uma ilusão que diz para si que na verdade você que é muito boa. Não há nada de errado em invocar e receber atenção. Se eu não tenho o hábito de analisar situações e traçar raciocínios, deve ser inclusive muito legal receber essa atenção. Ainda que puramente atenção, desligada de sentimento.


Sei lá...

domingo, 8 de janeiro de 2012

Camaleão, who?

Aprende com quem sabe Lady Gaga.





Feliz 65 primaveras, David Bowie!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Coisas organizadas ordenadamente

Esqueci de pensar numa resolução de ano novo. Me distraí quando deu meia-noite e só voltei a pensar nisso hoje. Acho que pra mim disciplina é uma boa. Quero fazer um monte de coisas e apenas sistematizando os processos devo conseguir.

Dizem que ordem otimiza o tempo. Vamos acompanhar...

Ah, claro que não posso negligenciar a lição mais importante do ano que passou: se você estiver com febre, interrompa o que estiver fazendo, seja pra quem for, e vá ao médico - ou pra casa tomar chá. A hierarquia enciumada te diz que sua vida não importa, mas suas prioridades devem ser as maiores prioridades de sua vida.

Para se inspirar: Things Organized Neatly (...Isso já parece um tanto agressivo).

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"Brasil! Si, si, como no? Rio de Janêro, Porto Rico"


Ainda não comentei muito, mas recentemente eu fiz uma viagem que foi bem importante pra mim. E quando voltei, meus amigos perguntaram a respeito da experiência de ir sozinha para outro país. Eu ando pensando... Acho que algumas viagens devem contar com companhias porque se tornam mais divertidas. Algumas outras, se você topar ir sozinha e se livrar de preconceitos, certamente será uma experiência inesquecível.

Como você vai lidar com certas situações que aparecem, como vai descobrir pra que lado vai, o que quer fazer, o que vai comer, baseada em sua própria e única referência - já que não há quem opinar ou influenciar suas decisões - vai te colocar em prova, mostrando o quanto é difícil tomar totalmente para si a responsabilidade do seu rumo, ou então o quanto você consegue tomar rápidas decisões quando não há muito ruído externo. Isso tudo dá medo mas é libertador.

Mas se você for uma pessoa que só come aquilo que tua mãe te serviu a vida inteira e só acha sua cultura e hábitos válidos, aconselho a investir sua grana em algo palpável e bem conhecido. Pois geralmente as pessoas que viajam para algum lugar e não gostam, ou acham que as pessoas não foram legais o suficiente com elas, é porque quiseram impor sua rotina e maneirismos à revelia da cultura local.

Um dos principais ganhos que temos ao ingressar num lugar novo é entrar em contato com diferenças; você aprende e aceita se quiser, mas enquanto tá lá, respeita.

Durante essa viagem fui pra Portugal também, e lá ouvi muitos brasileiros afirmando que os portugueses iriam me tratar mal. Não fui mal tratada em momento algum, mas muitas vezes não fui recebida com beijos e abraços - isso é coisa do meu povo. Não saí do Brasil para encontrar características do Brasil lá fora, aturo elas quando estou aqui.

Eu sempre quis conhecer a Espanha, a Catalunya especialmente, e foi o que eu esperava: incrível! Mas foi engraçado conhecer Portugal, pois resumindo, os portugueses são uma mistura de café + palavrões + cigarros + bate boca, portanto isso é o meu pai resumidamente (um sujeito que eu sempre pensei que fosse sem noção mas depois de viajar descobri que ele nada mais é do que um bom filho de português).

E lá é assim: você dá qualquer brecha e toma uma rasgada -o que pra eles é normal, apenas um alerta pra você se ligar, e que também não foi algo de outro mundo pra mim. No máximo, quando eu não entendia ou prestava atenção a algo que diziam, eu escutava um "esses brasileiros..." e me dava ao direito de responder "Vai, ô, portuga burro" e estávamos ok.

*Mas não se enganem, há também os portuguesinhos gracinhas, bem educadinhos com carinha de Orlando Bloom que apreciam brasileiras. Além da balada mais rústica e interessante que conheci, do Bairro Alto - recomendo demais e com saudades.

Já em Barcelona eu fiquei meio boba de tão apaixonada. Aquele lugar não é um lugar comum. Tem uma aura surrealista, não só por conta das obras de Gaudí (incríveis), Miró e a arquitetura mais louca do mundo, mas as pessoas, os hábitos, os estilos, sei lá; a aura mesmo. O quanto se permitem. O lugar é muito movimentado, mas o povo não é estressado. A galera não tem aquele fardo do deadline carimbado na testa (que rola sem excessão em São Paulo) e isso é encantador. Lá, eu posso dizer que fui muito bem tratada. Todo mundo foi gentil, foi cortês, foi ousado.Eles são únicos e moderninhos, mas diferente de lugares tipo Londres, você é notado. Não só mais um original a disparar pelas ruas.

Lá eu senti mais medo também, não havia ninguém conhecido como eu tinha em Lisboa e lidei com mais gente estranha, em contrapartida, e mais convites que, por um lado, eram tentadores mas por outro, me levavam a pensar no bem dos meus órgãos e no meu passaporte que vale 5.000 euros na mão de um ilegal.
O lugarzinho que eu fiquei lá também me deixou meio receosa. Primeiro porque quando eu cheguei, com muitas dores no corpo causadas pelo manuseio das malas, não havia ninguém pra me receber. Fiquei na rua, sentada em cima da mala pensando como seria meu primeiro dia como desabrigada na Europa. E depois pelo aspecto meio burlesco da pensão, hostel, seja lá o que aquilo era afinal. Pensei que poderia encontrar umas dançarinas de cabaré nos corredores e tal mas nada disso ocorreu. E depois, quando eu retornava pro meu quarto à noite, depois de perambular livremente, sentava no quarto e pensava: Bem, aqui estou eu - e apenas eu - bem longe de casa.

Acordava noutro dia e dá-lhe andar, perguntar onde estão as coisas, habla espanhol, respondem em catalão, você emenda um inglês, eles respondem em espanhol, dão risada, pergunta de onde é, ouve alguns "aaaah, brasilêêêra" (quase um sinônimo para sexo).
Depois corre até o aeroporto, carrega malas, carrinhos, ouve uma língua conhecida; mais brasileiros! O que quando você está numa terra estranha é reconfortante, ainda que eles sejam tão numerosos quanto baratas.

Aliás, eu tive sorte: conheci muita gente bacana durante toda a viagem. Em todos os momentos, desde o embarque daqui do Brasil até o retorno eu tive boas companhias e algumas surgiam em momentos que parecia como se tivessem sido contratadas para me auxiliarem. Muito louco!

No trajeto, também me deparei com um dos homens mais bonitos que já vi em minha vida (até então), um comissário de bordo da TAP que mudou para sempre meu conceito sobre os homens portugueses. Já as duas aeromoças que circulavam por lá reforçaram o aspecto afável ao avesso das mulheres: duas portuguesas que só de olhar sentíamos que elas gostariam que fossemos nos foder com força e eco.

Num saldo muito resumido das coisas inesperadas,conheci um monte de lugar e gente bacana, fiquei presa num elevador pela primeira vez, passei três dias mancando de uma maneira bem comovente, tô com a coluna travada por carregar peso, vi os jogadores do Barçelona, me apaixonei, me perdi muito e por horas, perdi pertences e por minutos quase um vôo. Mas, apesar do corpo moído (já que nós sedentários não avaliamos o preparo físico na hora de enfiar mochilas nas costas e carregá-las pra todos os cantos e o quanto teremos de andar até finalmente encontrar um lugar ou mesmo conhecê-lo), apesar do medo de entrar em uma rua proibida (pois cada lugar tem suas regras) e apesar da confusão das línguas e hábitos, é muito legal viajar sozinha.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Quem expõe a figura é jogada ao vento em novela de Gloria Perez

Um bom virginiano gosta de segurança. É fato. Obviamente há diversas situações que nos impulsionam a nos arriscar - pessoas em geral, não apenas os nativos de Virgem, claro. Eu, de tempos em tempos, me coloco ao risco de provas por prazer, mas como boa virginiana (pessoa discreta e tal), depois de viver numa montanha russa por um bom período da ~juventude~ - adotei a segurança como boa aliada.

Algumas poucas pessoas se identificam com meu jeito de ser: somos feito gatos, gostamos de conforto, de aconchego, de cantos quentes e almofadados. Não tendemos a idolatrar ou paparicar pessoas; gente ilustre e anônimos tão no mesmo patamar (tipo, o Obama e o peixeiro da feira são tratados com a mesma cerimônia). Preferimos ficar bêbados em casa do que na sarjeta e quando colocamos o pé pra fora é porque quisemos, sentimos a necessidade e geralmente não por motivações externas.

Nem parece, mas são características profundamente irritantes pra gente exibida ou carente. Eles entendem tudo isso como um petulante ar de superioridade. O que não é! O nosso senso de distinção é bem realista. Gente é gente, com defeitos que sabemos identificar numa olhadela de canto e qualidades que admiramos, muitas vezes, à distância.

Sendo fêmea, também encontrei questionamentos. Já perdi a conta de quantas vezes me perguntaram o porquê da minha discrição fashionista. Cadê as saias curtas? O decote? O apelo?

Muitas vezes me disseram, sem que eu tivesse perguntado, é claro, que eu não apenas evitava, mas aparentava um desconforto explícito quando me tornava foco em algum momento, e que essa postura acabava refletindo num bloqueio para a aproximação tanto de tímidos como de impetuosos.

As coisas são como são. E no meu caso, o apelo não está e provavelmente nunca estará exposto. Mas existe, aparece na hora certa e é bem utilizado.

Eu me sinto desconfortável quando me torno o centro das atenções e, por acaso, sinto que chamo a atenção sem muito esforço. Em qualquer lugar que eu já tenha habitado, fui alvo de fofocas, de intrigas, de elogios, de curiosidade, de comentários masculinos, de apostas, de ‘colegas’ que monitoravam qualquer novidade sobre minha pessoa, Enfim... Boa e má atenção, nada anormal.  Mas confesso que essa repercussão me intrigava de uma maneira profunda, e por muitas vezes incomodava. Sempre achei desproporcional eu receber uma atenção que não estava solicitando.

A galera aqui (BR) é expansiva por natureza, gosta de receber atenção e mimos diversos. Precisa de elogios e de ofertas. Essa é a maioria da parcela. E quando vamos pro lado do sexo, pegação,aproximação, rola também essa receptividade.

Conversando com uma gringa que veio visitar o Brasil, ela disse algo que acho verdadeiro: aqui, para os homens, o que importa é a imagem que você passa - o que ela transmite. Se você não mostrar o corpo, se você não se ofertar de alguma maneira, parece que você está fechada para o negócio. Não é a beleza que desperta interesse, nem charme, mas sim o que ela chamou de ‘sexiness’ que você carrega. Acredito que faz algum sentido. Aqui é um lugar de Marilyns não Audreys.

Mas apesar dos questionamentos, eu não tenho problemas com esse choque de características. Já tive. Não tenho mais. Acho engraçado a luta de algumas pessoas para receber atenção, acho gente expansiva divertidíssima e admiro gente discreta. Ponto.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

É sorte!


A vida tá tão movimentada. Do jeito que deve ser: uma roda da fortuna, alternando ciclos de extrema felicidade, medo irracional e desapontamentos. E eu tenho muitos pitacos pra dar sobre tudo o que vem acontecendo. Mas esses períodos cheios de significados devem maturar antes de passarem por avaliação.

Né não?

domingo, 8 de maio de 2011

Decifra-me e muda de calçada ao me ver


Eu lembro uma vez quando eu era mais nova e minha mãe me aconselhou a guardar mais minhas opiniões; eu levei a mal, é claro! Mas esse foi um dos conselhos mais acertados dela. Minha mãe sempre disse que eu era polêmica, e eu odiava. Mas eu sempre soube que ela, e até meu pai - com quem eu tive minhas diferenças- admiravam essa característica.

Mas aí que tá, eu não segui o tal conselho pra guardar minhas opiniões. Eu segui minha vida sempre me posicionando. E óbvio, isso atrai problemas e inimigos. Além do fato de eu já carregar uma aura de mala, apesar de ser uma pessoa legal (sério). Tenho um pescoço comprido, sou magra, tenho uma voz que contrasta com meu corpo frágil, e um olhar de "...sei" (¬¬). Características repelentes numa terra de vítimas.

Eu sou uma pessoa que tem inimigos e isso não me assusta. Algumas poucas dessas pessoas até se tornaram amigos, porque a gente não tinha mais o que esconder sobre como pensávamos. Inimigos ao menos se reconhecem, sabem exatamente quem representam na história. E aí que tá a coisa toda; eu já tenho um certo faro sobre as pessoas, e a maneira mais adequada de lidar com esse *dom, é fingir que não o possui, porque se você conseguir passar despercebido não será (visto como) uma ameaça às pessoas.

Eu conheço gente que me detesta de graça e eu entendo o porquê. Eu sempre soube que se você se posiciona, se não se influencia por qualquer papo ou promessa, se não é adepta do sorriso amarelo, você se torna uma ameaça pro conforto das pessoas, especialmente aquelas que passam a vida fazendo política. E gente que passa a vida fazendo política, em sua maioria sofrem de baixa autoestima, precisam ser exaltados e tratados feito crianças. Uns pau no cu.

E há um bom tempo eu venho sentindo a necessidade de ser política, de fazer média pra ser aceita. Isso não me agrada muito. Mas as coisas são como são. Você tem de se adaptar às regras. E você tem de usar a inteligência pra tornar as coisas mais fáceis. É um fato!

Eu na verdade acho que se tornar político é uma das piores coisas que pode acontecer a alguém. Manipular através de boas maneiras soa sedutor mas acho que funciona apenas com pessoas limitadas e muito vaidosas. E me dá medo ter de moldar minha personalidade em nome de vantagens sociais. Até porque funciona.
Se você pagar de "fofa" - o novo papel mais bem aceito para mulheres - as coisas seguem aparentemente mais fáceis, já que você aceitou passar 80% da sua vida interpretando junto com os colegas. Fica mais fácil ainda se você adaptar sua voz e trejeitos para forjar a über legal, das bochechas rechonchudas, que tem falas forjadas típicas duma personagem de sitcom norte-americano que come doces escondida pra afogar em glicose a raiva reprimida que sente de si e do mundo.

Mas claro que também entendo a importância da flexibilidade, da polidez e especialmente do charme (que estupidamente uso pouco) pra viver de maneira mais fácil. Tudo isso junto, de forma dosada, é a melhor maneira de conseguir adeptos além de lidar bem com as pessoas. Mas adoraria, por vezes, ter o direito de ser intensa, inflamada, transparente sem pagar preços altos.