domingo, 28 de setembro de 2008

Um post nada modesto (senta que lá vem história)

Aqui estou eu novamente pra escrever sobre o assunto mais interessante que existe: Eu!
Independente do interesse dos meus escassos leitores. Desculpem-me!

Motivada por questões existenciais que nos assolam no dia de nosso aniversário eu comecei a analisar minha vida e cheguei a conclusão que estou vivendo uma espécie de crise. Aquela coisa de perceber o tempo passar e você continuar no mesmo lugar, sem nenhuma conquista ou nada que marque (o mesmo assunto de sempre). E percebi um certo padrão que costumava se repetir que me levava a não me fixar em nada e conseqüentemente não ter conquistado nada de tão significativo. Esse padrão nada mais é do que a minha nada modesta personalidade.
Eu vou explicar:

Eu não sou modesta. Não sou modesta nas escolhas, nos gostos, nos amores, nas preferências, nos pensamentos, nas palavras, e principalmente nos desejos. Eu quero ser e ter tudo. Não me faça optar por esse ou aquele. Eu quero tudo ao mesmo tempo de preferência. E o resultado mais provável pro exagero é e sempre foi o descaso. O nada!

Por partes:

Minha mãe sempre diz que eu sou muito indecisa e esse é O meu problema. Eu não sei bem se concordo. Eu tomo decisões, eu sei fazer escolhas. O que ocorre é que eu simplesmente escolho muitas coisas, porque na minha concepção elas são essenciais. Eu preciso dessas muitas coisas.

Eu por exemplo, gostaria de fotografar, de cantar, de escrever, de desenhar, de aconselhar, de criar, de mandar, entre algumas outras coisas, porque eu faço razoavelmente bem todas elas. Eu gostaria de ser ruiva, loira, morena, de cabelo curto, médio, entre outros estilos, porque eu tenho personalidade o suficiente pra sustentar qualquer visual. Eu gostaria de morar em São Paulo, ou num lugar mais verde, menos cheio, mais sossegado, menos frio, mais simples, entre outras opções, porque meus gostos mudam. Eu quero amar e ser amada, mas não perder minha autonomia, nem meu espaço, nem minhas outras prioridades. Enfim... eu quero tudo isso e tudo ao mesmo tempo. Eu quero tudo sem perder nada e todo mundo sabe que fazer escolhas implica em alguma perda. Algo tem de ser deixado pra trás.

A insatisfação é sempre presente pra uma pessoa que quer tudo ou que é tão inconstante que a cada dia tem um objetivo diferente. Você acaba fechando muitas portas por que nada é exatamente aquilo que você quer. E aceitar qualquer coisa que apareça significa perder as inúmeras opções que você tem, quando não precisa optar por um único caminho. Então a gente só escolhe, escolhe e escolhe mas as escolhas são tantas que não sobra tempo para botá-las em prática.
Viu mãe, você está errada! O que mais sei fazer na vida é escolher!

A questão é que já está na hora de eu chegar a algum lugar. Eu preciso de um emprego decente, uma meta a ser atingida, um lugar pra ir e um relacionamento normal, caceta!
Como é que se faz? Vou fazendo uma lista de prioridades, riscando os planos mais supérfluos, mais difíceis?

E o relacionamento normal é outro desafio. Pra uma pessoa com uma personalidade tão móbil e uma vontade maior que o mundo, as emoções são sempre desencontradas e incertas. Por ora as paixões são violentas e totalmente indesejáveis e outras vezes acabam imediatamente e sem explicação motivada por qualquer gesto que possa significar uma possível falta de interesse, porque avaliando tudo através dessa ótica megalômana, muitas vezes você acaba exagerando o que não é nada na verdade. Tudo parece ser um amontoado de emoção, expectativa e ansiedade juntos.

É o que afirmei esses dias, sem perceber o grau de sinceridade, quando fui questionada sobre minhas paixões: tem dia que acordo perdidamente apaixonada. Tem dias que não gosto de ninguém. Gosto é de atenção.

E é a mais pura verdade, não sei bem quando gosto mesmo de alguém. Gosto de atenção, gosto de exagero, gosto de me sentir importante. Gosto de gente importante, gente competente, gente que se destaca, porque acho que mereço. Tudo pra depois me sentir insegura como se segurasse uma bomba-relógio nas mãos.

Em alguns momentos eu gosto de ser assim... mas eu gostaria que os outros também gostassem e me acompanhassem nas mil e uma escolhas diárias. :)

Não é que eu precise de muito mais do que os outros - até porque posso, neste momento, ter até menos já que quem muito quer... O ponto é que eu realmente tenho vários interesses, várias aptidões e sou muito cobrada, então é natural eu querer muito também. E de repente, isso pode até ser uma forma pouco convencional de amor próprio.

Não é muito a minha correr atrás do que não é pra mim. Não costumo sofrer por amores não correspondidos, por exemplo. Os que me atraem são os que me notam (não todos, é óbvio, existe o famoso padrão de qualidade) e quando não me dão mais atenção eu não amo mais. Também, quando  vejo que eu não executo muito bem uma tarefa, eu perco o interesse por ela na hora. Não fico me diminuindo e vou procurar o meu lugar, que podem ser vários lugares.

Onde é o meu lugar, afinal?