domingo, 20 de março de 2011

Their house is not a home

Como eu afirmei num post passado, eu não tenho o dom pra esse lance de entradas e saídas frenéticas (sem duplo sentido) de micro-relacionamentos. É, eu não tenho. Eu sou aquela pessoa que, se conseguir compartilhar intimidade com uma pessoa facilmente vou ter de raptá-la e obrigá-la a casar comigo. Porque geralmente eu sou tão desajeitada quando não conheço uma pessoa direito que a situação acaba inevitavelmente se tornando desconfortável e constrangedora. E eu tenho fundamentos pra não ter muita paciência pra isso. Não apenas fundamento, eu tenho passado.

Eu acredito que isso deve ser desconfortável pra muita gente. Falta de intimidade, de segurança, de acolhimento é chato pra cacete pra mim e pra uma galera, tenho certeza. A começar que o cuidado que se deve ter nessas circunstâncias é redobrado em
todos os sentidos. A aparência, as 'aparências' que você vai dar a sua vida, a higiene, o que diz, o que se priva de dizer, parece que tudo tem de ser previamente planejado. Eu diria que é uma performance artística. Tem de ter um dom. E a minha habilidade em criar contos de fada é nula.

Lembro de diversas vezes em que... Sabem aquela vergonha que arrepia todos os pelos do teu corpo? pois então! As mais traumáticas estão associadas ao ato de ir ou dormir, na casa de uma pessoa que eu não tinha muita intimidade ainda. Ai, cara! A casa de uma pessoa é um santuário sagrado (ou profano, no caso), tem muitos segredos, muito dela ali. Daí você aparece lá e se vê diante da história da pessoa, os quadros, os parentes, os gostos, as músicas, os filmes, as exs, vixe! Mas ainda assim, é tudo muito impessoal, porque você não faz parte de nada daquilo. Outro assunto que deve ser absolutamente esquecido; pertencer ou não.

Lembro de um cara que eu gostei, e que dizia gostar de mim; a primeira, a segunda e a terceira e última vez que fui em sua casa, reparei muito no quanto seu quarto era claustrofóbicamente pequeno e principalmente na porcaria de uma foto dele com a
ex em cima de uma estante. E o que eu podia fazer? O que podia dizer? Nada! A casa é dele, ele dispõe suas coisas da maneira que bem entender e distribui suas lembranças como quiser, afinal, é o dono. E eu? Bem, eu que não pertencia àquele lugar
só pude me incomodar e aceitar que eu não fazia parte do contexto e que aquelas coisas e memórias imaculadas estavam onde deveriam estar, eu era a intrusa.

Numa outra situação, a primeira vez que durmi na casa de um pseudo-namorado, tudo me soou estranho. Eu odiei tudo! Daí no meio da noite eu quis ir ao banheiro e não lembrava onde ficava, perguntei pro cara e ele me deu a indicação: "Segunda porta
à direita". Ok! Lá fui eu, no escuro, contei duas portas e abri a terceira à direita. Coisas da meia-noite. Abri a porta onde ficava o cão, uma espécie de demônio da Tasmânia que pulou em minha direção e aí só ouvi o cara lá da cama exclamando "Aaaaaaaaaaaaah, não!" e levantando pra tentar capturar aquela criatura abissal. E eu, sem graça, pensando: "Putz, que brecha!" . Ainda lá, pela manhã, fui tomar banho, e ele havia dito que tinha toalha no próprio banheiro dentro de não sei aonde, e quando acabei vi que não tinha porra de toalha nenhuma e tive que chamar o cara lá de dentro do box. Affe! Uma coisa é você na sua casa dar um gritão desinibido tipo "Ô mãeeeeeeeeee, pega a toaaaaaaaalha!", outra completamente diferente é gritar pro cara pra quem você quer(?) pagar de lady.

Ainda tive outros perrengues em lares alheios, de pessoas em geral, amigos, conhecidos, pretendentes. Muitas vezes, pelo desconforto de ter minha cultura e educação confrontada com os hábitos e costumes de uma pessoa desconhecida - porque uma vez dentro da casa de algumas pessoas, você deve, mesmo que apenas por polidez, aceitar as crenças delas - e outras vezes, por ter me sentido pressionada a adotar uma postura que não é minha ao ir à casa de alguém que eu havia conhecido. Que mulher nunca percebeu que, ao entrar na casa de algum 'bofinho', havia no ar uma regra pré-estabelecida de que você seria muito bem tratada caso você aceitasse transar com o carinha em questão? No entanto, chegando lá, você vê que não quer, e tem de dizer,com todas as letras, "Olha...Não!'? É... claro que também me senti vulnerável ao que poderia proceder na sequência dessa decisão, já que entramos naquela questão de que cada lar possui suas regras e se você não for o dono, não é você quem as dita.

E a partir dessas experiências decidi que, se é pra ter de adivinhar se você é uma intrusa em territórios inóspitos, eu prefiro me acostumar com uma pessoa nos ambientes triviais, antes de descobrir, por impacto, segredos e hábitos revelados
através da cumplicidade de um lar.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Não é egolatria...

É auto-avaliação.


















(Rabiscando de caneta pra superar o trauma de desenhar).

Re-Laços

Num passado recente eu passei por aquela fase que algumas pessoas - geralmente aquelas que valorizam limites - passam. Eu bodiei de me relacionar. Essa 'fase' até que durou um tempo considerável, levando em conta que eu simplesmente não tenho o dom de ficar saindo com caras pra ver se acerto (acertamos) na escolha.

Eu cansei pois num relacionamento me peguei vulnerável, logo, irreconhecível, e não curti. Sentir que, de repente, você pode acabar agindo de maneira que não lhe é habitual por conta das reviravoltas de um jogo, sabem? Acho que todos já fizeram isso.
Relacionamentos, quando não são de fato amorosos, costumam ser um jogo sem fim: eu jogo charme, espero virem atrás, me passo por desinteressada, daí me dão um gelo, aí eu vou atrás e me faço de apaixonada e on and on and on...

Só que aí eu cansei. Eu sou um pouco radical com as pessoas, admito. Eu as enquadro dentro de modelos de conduta e espero sempre mais do que dou. Terrível, eu sei! E pesando tudo; o mea culpa e o que classifiquei como "culpa" da outra parte, eu decidi sair da rodinha, não quis mais brincar!

E o que eu tô vivendo agora é a reconstrução de modelos de relacionamento, na minha cabeça, inicialmente, para depois ser, quem sabe, adotado na prática. Pois eu não tenho ainda, ou tive, muitos bons modelos de relacionamento para me espelhar, e isso deve influir de alguma maneira no meu termômetro de tolerância.

E essa reconstrução de modelos não envolve apenas os relacionamentos amorosos, mas inclui a arte de relacionar-se com pessoas em diversos âmbitos, de uma maneira geral e... putaqueopariu! Como é difícil ser tolerante! Como é difícil ter aquela facilidade de um bom observador para notar o que há de errado, o que as pessoas escondem, o que emulam e ainda assim, aceitá-las, quando muitas vezes é difícil aceitar a nós mesmos.

Mas enfim, em nome da cordialidade e aprendizado, tenho me limitado a uma virada de olhos e a constatação crucial para relevar defeitos diversos: "É gente!".

domingo, 13 de março de 2011

Quase uma casa de campo

Que volto periodicamente.
Nesse caso, depois de quase um ano de jejum.