Eu sou magra. Magrela. Todos que me conhecem sabem bem disso. Mas certamente me preocupo menos com essa questão do que muitas mulheres que conheço. Sim! Mulheres se preocupam com o peso que têm, o manequim que vestem, as roupas que estão usando, o comprimento de seus cabelos e, pasmem: com o seu também - exceto aquelas que têm coisas melhores para pensar, é claro.
Tudo o que você é diz respeito a outras mulheres também, não se esqueça! Aí também reside aquela competitividade marota que rola entre o gênero. E por vezes acabo me cansando de ficar rodando entre as mesmas preocupações que fazem coro a respeito. Em contrapartida sei que existem muitas mulheres admiráveis, fortes, verdadeiramente belas e ousadas não apenas na hora de se vestir. E aí sim a companhia e troca valem a pena.
Mas relacionando as mulheres e o meu ~porte físico~, posso identificar que em meio ao grupo, o fato de eu não estar de dieta ou não possuir gorduras extras, torna-se um eterno tema de provocação. Para as mulheres eu sou a Cinthia, aquela que é magra (Igual a raiz das palavras: Regina, do grego Rainha).O fato de eu ser uma ótima pessoa para se trocar uma ideia não é tão importante quanto a minha silhueta.
Eu não sou doente, apenas não estou de dieta. Se fosse gorda talvez estivesse, mas provavelmente não ficaria falando disso o tempo todo; as calorias, a celulite, o corpo, ai as gorduras, ai não visto isso, etc. Eu sofreria - ou não - em silêncio.
Eu cometo o pecado de gostar do meu corpo e aguentar as maledicências diárias: "Maldita, é magra!"," A Cinthia, essa filhadaputa que pode comer essas coisas, é magra!", e por aí vai.
Por vezes eu me divirto... As pessoas são tão contraditórias, muitas mulheres especialmente. Elas querem levantar a bandeira da beleza natural DOVE, a mulher de verdade, mas ao mesmo são essas mesmas mulheres que não aceitam quem são. São elas que vivem atrás de reformas sem fim, dietas mirabolantes e consumismo desenfreado pra ser quem não são naturalmente. E por isso são cansativas! Não sabem bater no peito e falar: sou isso aqui que você tá vendo e gosto de quem sou. Grande parte delas é uma mera projeção do que gostariam de ser. Geralmente alguém ao lado.
Lembro que dia desses eu esbarrei numa revista feminina que uma mulher interessante que conheço carregava. Essa revista tem a proposta de ser diferente desses manuais de como ser suficientemente boa para que alguém queira te comer, enfim, com tópicos para mulheres diferentes, cool, inteligentes e que não leem revistas femininas tradicionais. Daí a capa trazia uma nova cantora do mercado nacional que não carrega aquela beleza ditada e a chamada da capa era, acredito eu, uma declaração daquela mulher afirmando: " Eu não visto 38 e blá,blá, blá..." Porra! Se a revista quer fugir de estereótipo de banal e se a mulher é de fato uma revelação interessante ninguém pensou em abordar algo outro que fugisse do óbvio, neste caso o manequim da mulher? Se ela não tem uma 'beleza padrão' - por mais incoerente que seja achar beleza em padronização - porque ela tem de se justificar por não ter um corpo x? não vestir manequim y?
Eu, com o rótulo "The" magra, sempre acreditei que meu corpo era bacana e mantive confiança nisso independente das opiniões contrárias. Se eu fosse escutar o que me diziam -e dizem - eu teria malhado pra caralho e me enchido de suplementos pra ficar gostosona como várias amigas minhas fizeram. Mas não quero! Meu corpo combina comigo, gosto dele, e gostam dele. Estamos em paz apesar dos ataques.
Você sempre vai encontrar o seu público se não se rejeitar. E se não estiver feliz com quem for no momento, ou como aparentar, sou a favor da mudança, do esforço, da dieta que seja: mude, fique triste, mas não faça disso o seu óculos, o centro do seu foco e assunto. É interessante também ver que não precisamos ser sempre bonecas de cera e que isso não te anula. Experimente alguma vez cortar o cabelo curtinho, usar um tênis, e ver que continua recebendo cantadas na rua.
Ah, e me permitam: me errem! Deixem de secar mais o meu corpo e de preferência arranjem assuntos melhores.Que tal mudar o foco?
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