Cada vez que rola um acontecimento público nós somos bombardeados pelo excesso de opinião a respeito vindo das redes sociais das quais fazemos parte, certo? Reflexo de um tempo novo e de mídias democráticas. Legal! Que bom que temos espaço para falar, pra divulgar, pra protestar, etc. Contudo, que pena que fica tão evidente a falta de bom senso da metade das pessoas que conhecemos.
Esses novos espaços criaram (ou despertaram) nas pessoas uma síndrome de Boris Casoy, em que os fatos só são validados depois que passarem pelo julgamento dos críticos ociosos. Eles sentem uma necessidade visceral de comentar, de dar sua ilustre opinião, sobre tudo, absolutamente tudo, o que circunda o mundo. E aí fica evidente o quanto uma pessoa sem conhecimento de caso deveria mesmo é ficar quieta, comendo Cheetos, tomando Coca Zero e jogando FarmVille - em silêncio.
Não sei bem se é a vontade de ser importante, de se sentir relevante de nunca se permitir passar despercebido é que faz a gente presenciar tantos porta-vozes da atualidade. É a chuva dos RIP-gente-que-nunca-fez-parte-da-minha-vida-mas-eu-vou-comentar-minha-posição-sobre-sua-morte-vida-e-obra-mesmo-assim.
E é por essas e outras que, quando eu identifico uma pessoa que se permite ficar na dela, que dá sua opinião sobre assuntos que, de fato, entram em seu campo de interesse ou conhecimento e que, principalmente, consegue ficar em silêncio em momentos que sua opinião não faria a mínima diferença no decorrer dos fatos, eu a considero não apenas uma pessoa sóbria como selvagemente sexy. Adoro gente que sabe qual o seu lugar!
E reforço que essa é fragilidade das redes sociais; ela dá espaço pra que tenhamos acesso aos pensamentos altos de muita gente sem noção. Coisas que normalmente seriam ditas durante a exibição do Jornal Nacional perante no máximo três membros da família, agora têm espaço de divulgação ampla.
Obviamente não acho que esse espaço deveria ser extinto. Penso que é válido e necessário podermos extravasar! Talvez essa super exposição evidencie mesmo o que a galera se tornou, além de demonstrar o desconforto que as pessoas têm com o silêncio.
Ou não. Perhaps a vida é isso aí; Big Brother 2.0.