domingo, 8 de maio de 2011

Decifra-me e muda de calçada ao me ver


Eu lembro uma vez quando eu era mais nova e minha mãe me aconselhou a guardar mais minhas opiniões; eu levei a mal, é claro! Mas esse foi um dos conselhos mais acertados dela. Minha mãe sempre disse que eu era polêmica, e eu odiava. Mas eu sempre soube que ela, e até meu pai - com quem eu tive minhas diferenças- admiravam essa característica.

Mas aí que tá, eu não segui o tal conselho pra guardar minhas opiniões. Eu segui minha vida sempre me posicionando. E óbvio, isso atrai problemas e inimigos. Além do fato de eu já carregar uma aura de mala, apesar de ser uma pessoa legal (sério). Tenho um pescoço comprido, sou magra, tenho uma voz que contrasta com meu corpo frágil, e um olhar de "...sei" (¬¬). Características repelentes numa terra de vítimas.

Eu sou uma pessoa que tem inimigos e isso não me assusta. Algumas poucas dessas pessoas até se tornaram amigos, porque a gente não tinha mais o que esconder sobre como pensávamos. Inimigos ao menos se reconhecem, sabem exatamente quem representam na história. E aí que tá a coisa toda; eu já tenho um certo faro sobre as pessoas, e a maneira mais adequada de lidar com esse *dom, é fingir que não o possui, porque se você conseguir passar despercebido não será (visto como) uma ameaça às pessoas.

Eu conheço gente que me detesta de graça e eu entendo o porquê. Eu sempre soube que se você se posiciona, se não se influencia por qualquer papo ou promessa, se não é adepta do sorriso amarelo, você se torna uma ameaça pro conforto das pessoas, especialmente aquelas que passam a vida fazendo política. E gente que passa a vida fazendo política, em sua maioria sofrem de baixa autoestima, precisam ser exaltados e tratados feito crianças. Uns pau no cu.

E há um bom tempo eu venho sentindo a necessidade de ser política, de fazer média pra ser aceita. Isso não me agrada muito. Mas as coisas são como são. Você tem de se adaptar às regras. E você tem de usar a inteligência pra tornar as coisas mais fáceis. É um fato!

Eu na verdade acho que se tornar político é uma das piores coisas que pode acontecer a alguém. Manipular através de boas maneiras soa sedutor mas acho que funciona apenas com pessoas limitadas e muito vaidosas. E me dá medo ter de moldar minha personalidade em nome de vantagens sociais. Até porque funciona.
Se você pagar de "fofa" - o novo papel mais bem aceito para mulheres - as coisas seguem aparentemente mais fáceis, já que você aceitou passar 80% da sua vida interpretando junto com os colegas. Fica mais fácil ainda se você adaptar sua voz e trejeitos para forjar a über legal, das bochechas rechonchudas, que tem falas forjadas típicas duma personagem de sitcom norte-americano que come doces escondida pra afogar em glicose a raiva reprimida que sente de si e do mundo.

Mas claro que também entendo a importância da flexibilidade, da polidez e especialmente do charme (que estupidamente uso pouco) pra viver de maneira mais fácil. Tudo isso junto, de forma dosada, é a melhor maneira de conseguir adeptos além de lidar bem com as pessoas. Mas adoraria, por vezes, ter o direito de ser intensa, inflamada, transparente sem pagar preços altos.