sábado, 10 de maio de 2008

No limite

Engraçado, minha vida é sempre aquela coisa: turbilhão de acontecimentos X marasmo.
O ano passado foi quase insignificante, aquele ano em que você espera, espera, espera e nada. Tirando alguns eventos e pessoas que marcaram foi um ano de uma nulidade de dar inveja ao Aerotrem do Levy Fidelix. Já esse o que não falta é coisa pra fazer e decidir.

Mas ter uma vida 'preenchida' tem lá seu preço. Trabalhar, estudar e precisar resolver tudo na rua, por exemplo, pode te levar a ter traumas de aglomerados de pessoas. Eu, por exemplo, fujo de lugares cheios. Essa porra tem gente demais! E no horário de pico? é como se juntasse a Índia e o Marrocos prum lanchinho de fim de tarde. Tem trânsito em tudo quanto é canto. O transporte público é abarrotado; é fila pra passar a catraca, fila pra entrar no metrô, pra sair, fila pra entrar na escada rolante, fila pra comer, fila pra usar o banheiro, trânsito a pé, trânsito na praça de alimentação. PUTAQUEOPARIU! Esses dias andei pensando seriamente em me mudar pro interior.

E nesse caos de gente você se depara com o que há de melhor no 'serumano', onde a competição pra ver quem sai na frente, quem leva a melhor, quem chega primeiro, vai ao limite da má-educação. A começar pelo metrô esturricado de gente, na hora de entrar é aquela coisa: empurra, soca, maceta, encoxa, a galera achando tudo muito engraçado e eu achando tudo muito idiota. Daí você tem que lutar com o horário, os atrasos do metrô, do ônibus, tem de desviar de todas as milhares de pessoas andando meio desencontradas igual a você. Na hora de almoçar você não acha mesa, fica parado na escada esperando o povo até que neguinho sem senso de direção dá uma cotovelada espetacular no seu suco que voa degraus abaixo numa cena cinematográfica à la Matrix e não contente uma mulher da mesa ao teu lado passa pelo mesmo, mas o suco, dessa vez voa no teu pé. Na hora de voltar é a mesma coisa, o caos, toda aquela loucura e vai pra faculdade, mais ruas, metrô e ônibus lotados. Ahhhhhhhh!!

Parece que toda a sua vida se resume a essa rotina e tudo o que você mais quer é tirar os telefones do gancho e dormir, mas dormir mesmo, porque por mais que na sua folga você tenha um dia agradabilíssimo, não dá pra tirar o Big Ben da cabeça, sabendo que daqui a pouco começa tuuudo de novo.

O bom de tudo isso é que quando você não tem muito tempo ocioso, sua cabeça trabalha mais produtivamente, é bem mais fácil se organizar. E nessa mudança de tendências eu cheguei a algumas conclusões.

É como prega a sabedoria popular: CABEÇA VAZIA, CASA DO DIABO.
No ano passado tudo o que fiz foi criar fantasmas pra me atormentar. Com tanta falta do que fazer eu só vivia pensando merda e me consumindo em ansiedade, e ainda por cima, dava importância demais a pseudos relacionamentos. Aquelas coisas de gente maluca que não dorme à noite e sente descargas surreais de adrenalina cada vez que o celular toca. Coisas que passaram assim que eu comecei a trabalhar e não tinha tempo algum pra me preocupar com qualquer coisa que não fosse o trampo, o horário, o metrô lotado e o restante de minhas responsabilidades. Daí eu cheguei à conclusão de que muitas paixonites agudas (não todas, claro) são de fato, falta do que fazer na vida.

E por fim, percebi que a gente pode se adaptar a qualquer coisa, desde que exista vontade pra isso (porque por exemplo não existe vontade alguma da minha parte em me adaptar ao local onde moro, anyway...)
Eu me adaptei à situações que achava que não daria conta de aturar, eu aprendi rápido coisas chatíssimas e cansativas, eu consegui seguir uma rotina mesmo que na marra, e finalmente não me desesperei(tanto) em ter de esperar pra ver as coisas melhorarem.

2 comentários:

Lelo disse...

Sim, Cinthia (perdoe a aliteração). Paixonites são falta do que fazer na vida. Mas são necessárias, principalmente as agudas. Fuja, de vez em quando, das responsabilidades para uma coisinha descontrol. Você vai perceber que até o trabalho andará melhor. Experiência própria.

P.S.: Desculpe. Mesmo encontrando contigo quase todos os dias, não tenho parado pra falar nem um olá pra você e sua sala. Prometo consertar isso.

Cinthia Pauli disse...

É, eu bem sei que são necessárias, por isso não consegui abandoná-las totalmente. Mas sobre a coisinha descontrol, vou procurar seguir seu conselho.